A Ilusão do Tempo e a Beleza de viver o Momento

O Tempo...

O Tempo é algo muito difícil de compreender...

Falta-mos tempo para tudo...,
mas...
quantas vezes fazemos coisas para "matar o tempo"...

Deviamos viver a Vida no seu Tempo...,
o bom...
e o mau...

Deviamos desvalorizar o futuro...

deixar de estar sempre à espera que o bom,
que o melhor,
ainda está para acontecer,
ainda está para vir...,

Hoje em dia, estamos amarrados a um processo contínuo do vir...

vir-a-ser,
vir-a-sentir,
vir-a-viver...


vir-a-ser feliz...
vir-a-ser amado...
vir-a-sentir amor ...
vir-a-viver uma verdadeira paixão...

e também deviamos desvalorizar o Passado...

não esqueçe-lo...,
porque se esquecemos o passado, corremos o risco de o repetir...
mas apenas recordá-lo como aquilo que é...
Passado...

Não devemos viver amarrados ao Passado...,
Passado bom ou Passado mau...,
é apenas isso...
Passado.


Viver a Vida no momento em que estamos...
é um segredo...,

talvez seja o segredo da Vida...

Feeling Blue..

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...

E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...

Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no Mundo como num malmequer,
Porque o vejo.
Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O mundo não se fez para pensamos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,

Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama,
nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...

Alberto Caeiro

A Beleza do Primeiro Beijo

"Fechou os olhos, abandonando-se a ela, de corpo e alma, sem consciência de outra coisa que não fosse a pressão tenebrosa dos seus lábios que se entreabriam suavemente. A sua pressão exercia-se tanto sobre o seu cérebro como sobre os seus lábios, como se fossem o veículo de um vago discurso; e, entre eles, sentiu uma pressão desconhecida e tímida, mais tenebrosa que o enlanguescimento do pecado, mais suave do que um som ou um perfume."
James Joyce

Ainda hoje me recordo perfeitamente do meu primeiro beijo, trocado atrás de uma das colunas do átrio de entrada do meu liceu...

Ainda hoje me recordo perfeitamente da miúda, hoje mulher, com quem troquei tal beijo..., a sua beleza serena, a sua face pequena, o seu cabelo curto, o seu sorriso bonito, o seu sabor a morangos...

Obrigado, onde quer que estejas, por um dos momentos mais inocentes, mais bonitos, mais expontâneos, mais imprevisíveis, da minha vida.