Friday, October 19, 2007

A Beleza de Mia Couto


Palavra que desnudo

"Entre a asa e o voo
nos trocámos
como a doçura e o fruto
nos unimos
num mesmo corpo de cinza
nos consumimos
e por isso
quando te recordo
percorro a imperceptível
fronteira do meu corpo
e sangro
nos teus flancos doloridos
Tu és o encoberto lado
da palavra que desnudo"

4 comments:

Serenidade said...

Magnifica beleza, de um amor partilhado e desta forma se ver aumentado:)

Serenos sorrisos

Avid said...

Sou apaixonada pelo Mia. Bela escolha, tenho uns outros poemas dele guardado, logo passo por aqui para te oferecer:), mesmo que ja os tenhas lido... ficara o presente.
Bjs meus

P.S. Ta um dia lindo hoje por aqui... Queres partilhar o sol comigo?

Avid said...

Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo

Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que falhei
o sabor do sempre

Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só olhar
amando de uma só vida

Mia Couto (meu "vizinho")

Bjs meus

P.S. Tava aqui pertinho... Nao consegui mandar por mail. Espero que gostes:)

wolfhunter said...

Olá Diva,

Obrigado, eu conhecia, e Gostava muito de Mia Couto, pelos seus extraordinários livros, O Último Voo do Flamingo, Terra Sonâmbula, a Varanda do Frangipani, onde, através de uma Escrita, de uma Beleza desconcertante, ele consegue com as suas palavras inventadas, transmitir a magia dos sentimentos do Ser Humano...,
é quase poesia...,
onde a realidade, casa com a fantasia...


Hà pouco tempo descobri os seus versos..., e ainda passei a Gostar mais...

Bjs

w.

PS: Está realmente um dia de lindo Sol aqui ..., e por falares em Sol nesta Terrra de Beleza...


Quissico

1. Deixei o sol
na praia de Quissico

De bruços
sobre o Verão
eu deixei o Sol
na extensão do tempo

Molhando, quase líquido,
o dia afundava
nas fundas águas do Índico

A terra
se via estar nua
lembrando, distante,
seu parto de carne e lua"...

Mia Couto